Com muita imaginação e talento, é possível cobrir uma grande área de superfície e criar uma obra icônica. Figuras geométricas, desenhos, lettering, ilusões de óptica e explosões de cores cabem todas num campo. E, claro, além de contribuirem para deixar a quadra mais bonita, servem para dinamizar a comunidade local e aumentar o amor pelo jogo.
Confira agora sete quadras que receberam intervenções artísticas e se transformaram em obras de arte a céu aberto:
1. Nápoles, itália
Membros do Truly Design Studio, um grupo sediado em Turim, foram até Nápoles, no sul da Itália, para criar um campo que tem como destaque uma grande ilusão de óptica. A obra, chamada de “O Passado/O Futuro”, transforma-se de acordo com o ponto de vista de quem observa a pintura.
“A inspiração desta intervenção veio de novo álbum do músico Clementino: “Tarantelle”. É um registro sobre o renascimento e a contínua tensão humana e artística entre passado e futuro. Estas são as palavras que escolhemos pintar, no dialeto napolitano, para festejar a cidade que nos acolheu e tanto nos inspirou no imaginário poético da rap”, afirma o grupo.
2. Braga, portugal
Foi o artista português Contra que teve a missão de pintar uma tela de 1.000 metros quadrados e criar a maior quadra icônica de basquete da Europa! O projeto foi desenvolvido pelo Município de Braga, em Portugal, e por nós, a Hoopers. Esse projeto também marca a criação da primeira quadra exclusiva de 3×3 em Portugal. Além disso, a reforma também serviu para revitalizar o espaço polidesportivo de São José que recebeu sete tabelas de basquete. “Percebemos de imediato o enorme potencial do projeto na transformação esportiva, social e cultural daquele espaço e região. Esse projeto vai permitir também devolver a prática do basquete aos Leões das Enguardas – um clube história da modalidade na região – mas também incentivar a prática informal dos jovens e a dinamização do local por parte de outras equipes da cidade”, disse Sameiro Araújo, Vice-Presidente do Município de Braga.
O campo também serviu de inspiração para o artista MAZE criar a música RUA, uma declaração de amor ao basquete e a rua.
3. Cidade do méxico, méxico
O estúdio de design mexicano All Arquitectura foi responsável pela obra de arte de traços simples, porém vibrantes, que revitalizou parte do bairro de Valle del Chaco. A área, considerada a mais violenta da capital mexicana, é também um dos maiores subúrbios do mundo. “O projeto devolveu à comunidade um espaço habitacional numa das áreas de maior marginalidade e criminalidade da Cidade do México. A obra apresenta uma proposta de mudança e surge da necessidade de desenvolver espaços públicos de qualidade em zonas marginalizadas de várias cidades do mundo”, afirma o estúdio.
Foram necessários apenas dois tons de azul para criar a obra de arte, num espaço que pode ser usado para basquete e futebol. O local ainda recebeu uma arquibancada, um vestiários e equipamentos para exercícios físicos.
4. Nova iorque, estados unidos
A quadra de Stanton Street, em Manhattan, recebeu a intervenção de Kaws, artistas norte-americano conhecido pelas suas obras coloridas que remetem para o universo dos desenhos animados e cartoons. Ainda que hoje esse artista resida no Brooklyn, Kaws morou ao lado deste campo durante os anos 90, o que tornou esta intervenção – além de um projeto artístico – uma experiência pessoal. A obra fez parte da campanha publicitária “New York Made”, promovida pela Nike, que teve como objetivo realizar uma série de colaborações e intervenções na cidade.
“A minha abordagem para este projeto foi semelhante à forma como eu trabalharia numa tela. Eu queria encontrar algo que fosse fiel à minha linguagem, mas sem esquecer que este campo seria usado para o esporte. Eu quis encontrar o ponto ideal entre o visual e o funcional”, disse o artista.
5. Lisboa, portugal
A dupla de arte urbana Halfstudio, em mais um projeto desenvolvido pela Hoopers, teve a responsabilidade de revitalizar a mítica quadra de basquete do Bairro dos Lóios, em Chelas, mais conhecido por Chicago. A história desta quadra começou em 1992, quando Oliveira Donbell, mais conhecido por ”Maninho”, chegou a Portugal vindo da Angola e se instalou naquele bairro. Apaixonado por basquete, Maninho montou uma tabela no local e pintou no chão um touro, em homenagem à lendária equipa de Michael Jordan, o Chicago Bulls. E foi assim que a Mariana Branco e o Emanuel Barreira, artistas que tem o lettering como elemento central, trabalharam para destacar os componentes desta incrível história: Chelas e Chicago.
Assim como na quadra de Braga, o lançamento do Chicago x Chelas também esteve associado ao universo musical. O projeto serviu de tema para o regresso de Sam The Kid ao seu primeiro grupo, os Official Nasty, com um novo single. Ao lado de Daddy-O-Pop, o grupo inspirou-se na intervenção artística e lançou a música “Não é só um game”, que fala sobre a ligação das gerações que cresceram em Chelas jogando basquete.
6. Aalst, bélgica
Para a obra da pequena cidade belga, a artista Katrien Vanderlinden procurou inspiração nos blocos de construção das crianças. A obra traz referências ao Memphis Group, grupo italiano que revolucionou o design na década de 80 com a combinação de diferentes formas geométricas e a mistura de cores ousadas, como amarelo, azul e rosa.
“Inspirei-me numa caixa de brinquedos repleta de blocos de construção. Adorei as linhas e as formas simples – quadrados, retângulos, círculos, triângulos de todos os tamanhos – que cabiam nessa caixa. Gosto do fato de ser possível jogar basquete mas, ao mesmo tempo, que o design possibilite às crianças a possibilidade de criarem os seus próprios jogos”, disse Katrien Varderlinden ao portal Dezeen.
7. Kinloch Park - Missouri, Estados Unidos
Foi o artista William LaChance, natural de St. Louis no Missouri, quem teve a oportunidade de realizar um mural gigantesco para cobrir três quadras de basquete. A iniciativa teve como objetivo trazer mais vida ao bairro e também unir ainda mais os apaixonados por basquete da região. “O projeto aconteceu numa localização ótima e de extrema relevância histórica. Após anos de pobreza e corrupção, Kinloch está à beira de se transformar numa cidade fantasma. Este projeto pode ser o início de uma nova era de revitalização”, afirmou o artista.
A obra é composta pela junção de cinco pinturas a óleo, que o artista colocou lado a lado para formar um único mural. A inspiração foram as próprias formas presentes numa quadra de basquete, porém distribuídas de uma maneira diferente. As cores usadas foram azul, verde, vermelho, amarelo, castanho e cinza. Já as linhas do campo foram pintadas de branco para ganharem maior destaque na obra.
8. Lisboa, portugal
Pelas mãos do artista urbano Flix nasceu, aquilo que se veio a tornar, uma das quadras mais icônicas de Lisboa. Durante o final dos anos 90 e início dos anos 2000, os espaços do porto de Lisboa foram um local histórico para os torneios de basquete 3×3. Este projeto foi promovido pela Administração do porto de Lisboa e pela Hoopers.
A intervenção de Flix funcionou como um grande mural artístico e presta homenagem às origens e valores deste lugar. Do alto, avista-se um conjunto de bandeiras náuticas que formam a palavra “Alcântara” . Este espaço contém duas quadras de basquete 3×3 e as suas linhas de lance livre remetem às bóias de salva-vidas, local onde os jogadores de basquete vão frequentemente para “salvar” uma jogada ou, até mesmo, um jogo.
9. paris, frança
No coração de França, Paris, está uma das quadras mais disputados pelos Hoopers. O campo foi projetado por Stephane Ashpool em colaboração com a sua marca de moda francesa Pigalle e a agência de criação de conteúdo parisiense ill-studio.
Está localizado bem no meio de Paris, entre dois prédios num espaço bastante reduzido. Embora não seja a melhor quadra para se jogar, sem dúvida é uma obra de arte.
10. lisboa, portugal
A Calçada de Carriche foi o local escolhido para homenagear Kobe Bryant. A Hoopers, a Galeria de Arte Urbana (Galeria de Arte Urbana – Câmara Municipal de Lisboa) e a Junta de Freguesia do Lumiar, juntaram-se a Hélio Bray, um artista de arte urbana, e promoveram a requalificação de uma nova quadra de basquete de rua na Calçada de Carriche.
Para Hélio Bray “este foi o maior projeto que já participei e me deu a chance de mostrar diferentes lados do meu trabalho. A conexão que senti com esta homenagem e a história deste lugar me emocionou desde o início. Estou extremamente feliz com o resultado final e espero que este projeto inspire as novas gerações”.
Este campo foi também o mote para o artista Lancelot, um rapper português, para lançar o single “O campo”, inspirado neste projeto.