A estrela dos Nets defendia a alteração da imagem da NBA, que deveria passar a utilizar a imagem de Kobe Bryant, como homenagem à estrela dos Lakers, que nos deixou em 2020.
Por isso, decidimos olhar para a história do símbolo que marca a nossa paixão pelo basquete.
Além de faturar bilhões de dólares todos os anos, a NBA tem também um dos ativos mais valiosos do mundo, cujo valor é difícil estimar com precisão: um emblema que é reconhecido mundialmente, num piscar de olhos. Assim como a liga norte americana, que evoluiu desde a sua criação em 1946, quando ainda era chamada por Basketball Association of America, o logo da mais importante associação de basquete também passou por várias fases.
Na sua primeira versão, apresentada em 1950, uns meses depois da fusão entre a BAA e a NBL, destacava-se apenas o nome da liga. Em 1953, foi usada uma versão mais simples, onde apenas constavam as iniciais da liga gravadas numa bola laranja. Durante nove anos este foi o símbolo oficial da NBA.
Até que no ano de 1962, acabou por surgir uma nova versão: uma bola em branco e as iniciais na diagonal.
Foi então que, em 1967, a NBA ganhou um novo concorrente. A ABA, American Basketball Association, surgiu com uma proposta mais ofensiva ao jogo de basquete. Algumas regras eram diferentes, como os 30 segundos no marcador, por oposição aos 24 segundos da NBA, e a colocação da linha de três pontos, que surgiu pela primeira vez na American Basketball League. Além disso, o próprio logo da ABA demonstrava a chegada de novos tempos. Moderno, chamativo e mais colorido, o símbolo da nova liga em nada se comparava com o da NBA. A mensagem era clara: tanto a NBA como a ABA sabiam que havia espaço para apenas uma liga, e os dados para esta corrida já estavam lançados.
A NBA começou a idealizar uma resposta à altura ao desafio lançado pelos criadores da ABA. Dois anos após a criação da ABA, a NBA contactou Alan Siegel, fundador da agência Siegel + Gale, especializada em estratégias de marca e comunicação. O objetivo era modernizar a marca da NBA, criando uma nova imagem, que representasse o espírito da liga e do basquetebol. Siegel começou à procura de inspiração e esboçou vários desenhos, até que, ao folhear uma edição da Sports Magazine, encontrou uma imagem de Jerry West, o base dos Los Angeles Lakers entre 1960 e 1974.
Para o criador, esta imagem de West transmitia a beleza e o dinamismo do basquete. Foi assim que surgiu o novo logo da liga norte americana, enquadrado num retângulo na vertical com os cantos arredondados e a referência à NBA no canto inferior esquerdo. Ao centro, a silhueta de Jerry West em branco, dividindo o logo em duas partes, uma azul e a outra em vermelho, numa alusão à bandeira americana. Estávamos no final dos anos 60 e a nova imagem da NBA foi considerada um sinal de modernidade.
O sucesso deste processo criativo foi tanto que, mais de 50 anos depois da sua criação, o logo da Liga norte americana permanece praticamente inalterado. Em 2017, sofreu um pequeno ajuste na fonte das letras NBA, que se apresentaram mais finas do que na sua primeira versão.
Foi após a atualização da imagem da NBA em 2017 que Jerry West deu uma entrevista à ESPN, onde declarou não ser um grande fã da sua imagem no logo da NBA. “Eu gostaria que nunca tivesse sido divulgado que sou eu no logotipo. Não gosto de fazer nada para chamar as atenções para mim. Se eles [NBA] quiserem mudar, eu não me importaria e gostaria que o fizessem”.
Embora o objetivo original de reformular a marca da NBA tenha sido cumprido há muito tempo, os benefícios do rebranding ainda são analisados e ponderados até aos dias de hoje. De acordo com a própria Siegel + Gale, a empresa que conduziu o projeto de renovação na década de 60, o logo da NBA rende aproximadamente 3 bilhões de dólares por ano em licenciamento. Além da vertente financeira, esta imagem é já um ícone mundial, amplamente difundido por todo o mundo e que também ajudou a afirmar a NBA como uma das ligas desportivas mais conhecidas do globo.